sexta-feira, 29 de julho de 2011

Caboclo sonhador - Maciel Melo e Flávio José




Concerteza, esses dois grandes poetas são dos melhores representantes, se não os melhores, da cultura e da música Nordestina.
Essa é para minha flor de laranjeira, Lara Moura, que sempre me chamou de Caboclo sonhador.


quinta-feira, 28 de julho de 2011

Erros e pecados


Já errei muito mais do que devia
Hoje estou começando a errar bem menos
Meus deslizes começam a ser pequenos
Bem menores que a ânsia de chegar
Eu saí sem saber como voltar
Eu segui os atalhos do destino
Apanhei pra deixar de ser menino
Hoje apanho tentando não errar
Já andei tantas braças, tantas léguas
Ganhei grandes, enormes bons amigos
Tive vários amores, tive abrigos
Tive abalos, caí, me levantei
Tive acasos, perdi, também ganhei
Meus pecados paguei em alto preço
Me perdoe se achar que eu mereço
Se mereço, até eu nem mesmo sei
Sei que nada se perdera por completo
Inda resta um restinho de esperança
Um fiapo, uma nesga de lembrança
De um passado feliz que me marcou
Um poeta, um boêmio, um cantador
Um balcão, uma prosa, uma piada
Um soneto, um repente, uma noitada
E uma canção pelas retinas desabou
Meu desafio pelas léguas caminhou
Fui ferido e feri quem me feriu
E ferindo a ferida se abriu
Nunca mais suturou tornou-se chaga
E uma canção de amor me embriaga
Em dozes de versos Buarqueanos
E uma bandeira branca em fino pano
Bem no seio de minha alma foi fincada
Foi ficando cada vez mais hasteada
E bem no alto tremula irradiante
Acenando aos poetas mais errantes
Quero paz e o resto a gente enterra
Qualquer mágoa nesse instante se encerra
Meu abraço abre os braço para os teus
E se teus braços chegarem junto aos meus
Eu abraço e nunca mais teremos guerra.


(Maciel Melo)



Filho do Dono

terça-feira, 26 de julho de 2011

Cinzento meu cantinho


Rico que é o meu lugar. Aparenta pouca vida, mas mostra em suas altas temperaturas as singelas e diferentes  formas que sobrevivem.
Sem água, o que fazer pra matar a sede nessa paisagem cansativa. No meu árido não caminham os que sabem voar, ou rastejam simples animas, pois não tem como safar-se da terra fervilhante, todo seu sofrimento adaptado, lutam pela vida, isso sim os caracteriza, os enriquecem mais.
Árido, semi, sertão, cariri, brejo, chame como chame minha paisagem, de cada, uma beleza maior, simples em seus poucos tons, mais encantadora em diverso.
Quente paixão, arrebatadora pela sua terra. Experiente termômetro natural, testa de chapa de fogo. Pobre homem nordestino, lutador, sofredor, feliz, inspirado, sonhador. Como dizê-lo.
Lata d’água da salvação, quando cheia. Alpercata dos pés, rachaduras de trabalho. Olhar cambito, morto pela metade, talvez fosse um cisco, quem sabe?
Árido do conhecedor, semi de pobreza, mas de dinheiro, sertão de esperançosos povos rupestremente sabidos na limitação da localidade.
Meu cariri de saudade, de sol castigador. Meu cariri de princesa, de amor de moça calada, tímida, do bode que ali é rei, é da rua, é do ganho, é do sabor, da simplicidade da vida matutina.
Brejeira terra de saudade, que deixo, que sinto. Ê saudade da riqueza da simplicidade de meu recanto, cheio de coisa sem nome, só apelido pra o bom entendedor.
Briba, largaticha, coroca, só na baliadeira pra dar um jeito, nas paredes de reboco grosso, só sapliscado. Vida de moleque danado. Escola caatingueira, só aqui que tem.
Caatinga, por aqui isso não existe, da flor de laranjeira, marmeleiro, goiabeira, sem falar de muito mais, o perfume natural, mas também caatinga, só se encontra aqui e em mais canto nenhum.
Terra do meu peito, solo da minha saudade, da riqueza do pobre, do simples.
De pau de casa cheio de cupim, na adrenalina do cai não cai. As senhoras com a barra das saias dadas um nó, pras cobras na madeira da casa não caírem.
Do garrote magro, do jumento relógio, do soinho nas cercas, do pau-de-arara de sábado de feira, do cabriolé carregado de ração, do galão d’água que pende para um lado e para o outro na cacunda do homem cansado de limpar mato ou de viajar a pé pra buscar a água do feijão, de corda, de arranca.
Homem de cara amassada, sofrida, mas que não perde o sorriso do rosto, quanta satisfação, quanta esperança, começando de madrugada até boquinha da noite.
Aquele cachorro de casa com uma agonia sem fim no rabo, somente porque chamou-o de neguinho e passou a mão calejada no seu espinhaço, cachorro baleia, piaba, jubim, leão, sansão, que danados de nomes pra cachorro. Sertão.
Ô cantinho de segredo, de riqueza, de cultura. Mulher de criança recente na espreita em proteção da negra, a que dar de mamar com o rabo, a cobra preta como diz as experiências da família.
Que lugar explendoroso no cinza até que a flor do mandacaru chegue, a bela flor, branca, esperança de cair no molhado, para um bom inverno, quem nem é no inverno.
Mais se for bom, haja ralo de zinco furado com prego de ripar e braço pra ralar milho e mexer canjica, eita que nesse dia a fartura é sem controle.
Povo encantador na simplicidade e conquistador na acolhida. Nordeste, esse, o nosso rico.
A meu Deus se eu pudesse levar comigo todo o cenário da minha terra, pois no coração não tem mais espaço pra tanta beleza, tanta gente sertaneja, tanto aprendizado.


Por José Lucas Martins



Me leva daqui - Ágda Moura

Me leva daqui
Pra onde lágrimas não existem
Um lugar, que a paz e o amor se fluem
Onde a escuridão é luz
Onde o sol produz, amor e paz
Me leva pra um lugar
Onde os sorrisos se estatualizam
Um lugar de sonhos, De humildade e companheirismo
Me leva daqui
Além do arco Íris, além do céu e mar
Além das nuvens, além do infinito
Pra um lugar sem medo, sem luxo, sem exagero
Onde o por do sol dure o dia inteiro
Me leva daqui
Pra um lugar só com a partida
Um lugar sem volta, sem saída
Um lugar sem despedida
Me leva pro futuro
Pro passado de criança, ou presente da lembrança
Pra uma fortaleza,pra onde eu não cresça
Pra um seguro esconderijo
Pra onde eu te mereça.
Me leva daqui
Pra onde corações são transparentes
Onde gritos de agonia
Se neutralizam, se silenciam
Me leva daqui
Eu não agüento mais viver assim
Em um mundo egoísta,Tão pobre, imundo,
Tão capitalista
Me leva pra o surreal ,Pra o inimaginável,
Pra um lugar real
Onde eu esqueça tudo que vivi
Onde a dor passa
E possa passar tudo que eu sofri.
Me leva daqui
Pra onde estrelas falam
E onde eu possa voar
Onde o mar é doce
Onde o verde floresce
E ninguém pode matar.
Me leva daqui
Pra onde eu viva, e onde há vida,Eu quero fugir.
Me leva daqui
Quem vai me levar?
Não sei mais quando encontrar, eu vou me jogar
Se for num beijo num abraço, ou numa mão estendida
Que me leve pra vida, que me leve daqui.




sábado, 2 de julho de 2011

Amizade

Depoimento de Thaís Nunes, minha grande amiga.


Sério mesmo, você é uma das melhores pessoas que Deus colocou nesse mundo. Pelo menos pra mim você é. Agradeço todos os dias por existir essa amizade gigantesca entre nós. As vezes vejo um filme com várias cenas se passando, momentos de raiva, de alegria, de emoção, de choro; choro? Ou você não lembra do meu " momento melancólico" onde eu derramei apenas uma lágrima, e você veio todo preocupado e disse com um tom que só você sabe dizer: O que é isso Thaís? Sabe, essa pergunta que você fez com um certo toque de poder e autoridade, embalados com um pouco de douçura e preocupação; fez com que eu chorasse mais, mas não porque estava mais triste. Mas porque você me deu toda segurança pra eu ir adiante e descarregar toda aquela minha tristeza em você.O mais interessante disso tudo e a qual eu nunca me esqueço foi quando no fim dessa cena toda, você simplesmente olhou pra mim e disse: " Como teu olho fica lindo quando tu chora".
Depois disso eu respirei aquele oxigênio com toda paciência, e dei um sorriso de paz.
                                                                                 Thaís Nunes



Eu não tenho nada a falar sobre você Thaís, porque só os meus gestos de amor, de compreensão e de amizade companheira expressão todo sentimento que revela o quanto gosto de você.
Obrigado por está em minha vida!

Por José Lucas Martins

Cariri Ligado



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